quarta-feira, 8 de junho de 2011



08 de junho de 2011 | N° 16724
PAULO SANT’ANA


A mão amiga

Eu, muitas vezes, fico impressionado com a importância que tem um amigo.

Chego a crer que não tenha tanta, mas logo deparo com os fatos e sou obrigado a declarar que um amigo é mais importante que o dinheiro, mais importante que o ouro, um amigo muitas vezes é mais importante do que um emprego.

Não há nada mais abençoado e mais providencial do que um gesto de um amigo.

A gente está à beira do abismo, só à espera de que uma lufada de vento, um acontecimento qualquer, nos derrube para o precipício – e como por um milagre surge a mão salvadora de um amigo – ou de uma amiga – e nos devolve para a competição da vida.

Nós não temos muito bem nítida a importância de um amigo. Só constatamos isso quando surge das sombras a atitude iluminada de um amigo a salvar-nos do desastre.

Que valor tem um amigo!

Nesse particular, eu, que sou um pessimista em relação ao caráter das pessoas, tenho me surpreendido com a atitude de algumas pessoas que se têm revelado minhas amigas.

Ontem, por exemplo, tive um encontro com três pessoas e saí de lá encantado com o modo superior, calmo, afetivo com que me trataram e por isso me encheram de alegria.

Tem muita gente boa no mundo, a nossa tarefa é conquistá-la. E, quem sabe, honrar-nos com sua amizade.

E é comovedoramente deliciosa a sensação que temos quando somos bem tratados por alguém.

Você chega a um lugar e depara com uma pessoa – ou mais de uma – que se determina a ajudá-lo. Ou por simpatia, ou por amizade, ou por admiração, lança-se à tarefa de ajudá-lo. E o ajuda, quando mais falta lhe fazia essa ajuda.

Não é linda essa cooperação entre as pessoas? A gente espera de um ambiente uma selva e encontra lá um oásis de solidariedade.

Que coisa linda!

Mas e o Palocci? Agora que ele caiu, tenho uma dúvida: será ético e moral (legal já vi que é) sair do Ministério da Fazenda e ir prestar consultoria a grandes empresas?

Pedro Malan e Mailson da Nóbrega saíram do Ministério da Fazenda e foram trabalhar na iniciativa privada.

Será isso ético e moral?

Mas não foi por isso que Palocci caiu. Ele caiu com base na desconfiança de que tivesse arrumado uma fortuna súbita através de tráfico de influência ou de sobra de campanha.

Eu até acho que já convalesceu a ideia de que político prestar consultoria é lícito.

Tanto que José Dirceu também caiu da Casa Civil e, pelo que se noticia, presta consultoria adoidado.

Sob certo aspecto, compreende-se só agora por que determinadas pessoas aceitam integrar governos ganhando salários modestos: é que depois que saem de lá faturam consultorias milionárias.

Ponha o pé no governo e enriqueça.

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